As festas judaicas, assim como todo o Antigo Testamento, estão relacionados a Cristo e a sua obra. Vamos fazer um breve estudo sobre as principais festas.
Páscoa
A Páscoa
é uma Festa que lembra a libertação do povo Judeu da escravidão do Egito, para
nós Cristãos, nos lembra de nossa libertação da escravidão do pecado através de
Cristo. Jesus é o Cordeiro Pascal definitivo e provido por Deus para a salvação
dos homens, conforme profetizado durante todo o Antigo Testamento, desde a
queda do homem.
O
cordeiro tinha de ser sacrificado no crepúsculo ou no início do entardecer, o
horário das 3 da tarde (a hora nona) era a divisão entre a Oblação (oferta)
menor e a Oblação (oferta) maior. Jesus foi crucificado às 9 da manhã do
dia 14 de Nisan e morreu (expirou) às 3 da tarde (Marcos 15.25),
sendo sepultado as 6 da tarde daquele mesmo dia.
Na pessoa
de Cristo, essa Festa teve seu cumprimento máximo, na Cruz, onde foi cravada a
cédula de nossa dívida com Deus (Colossenses
2.14).
Pães
Asmos
A Páscoa
é seguida de uma semana de Festa dos Pães Asmos (não levedados). No Antigo
Testamento, fermento poderia ser leite; ovo ou qualquer outro ingrediente que,
ao ser adicionado na massa, poderia causar a fermentação. Normalmente o
fermento é a “levedura”, e a massa se leveda quando é adicionada outra massa
contaminada, nessa massa fresca e pura (Gálatas 5.9).
O termo fermento ou levedo, no seu sentido mais amplo, é qualquer coisa que
pode causar uma mudança numa massa maior. Referente às escrituras, é qualquer
coisa que corrompe um ingrediente quando é adicionado.
E no caso
de Cristo, o que isso representa? Vejamos:
- Ele é o pão da vida.
- Ele não teve fermento.
- Ele foi açoitado, dilacerado, traspassado e
moído por nós. Curiosamente o Matzo (pão sem fermento) é cheio de sulcos
na aparência, o Matzo é perfurado para que o calor do forno possa passar
por todo seu interior e o Matzo é feito de semente esmagada.
Em Cristo
a Festa dos Pães Asmos foi cumprida, pois ele é o Pão da Vida sem fermento, do
qual devemos nos alimentar continuamente para termos vida e vida em abundância.
Primeiros
Frutos (Primícias)
Durante o
ano existiam alguns sábados (“Shabat“) extras conhecidos como “Shabaton”
ou como “O Grande Shabat“. Esses sete “Shabaton” extras
caíam em dias especiais do calendário e não exatamente nas noites de
sextas-feiras. O primeiro Shabaton do ano é no dia 15 de
Nisan. No ano em que Jesus morreu, o dia 15 de Nisan caiu numa quinta à noite e
na sexta de dia. Portanto, houve dois Shabats, um logo após o
outro, ou seja, um Grande Shabat para a Páscoa, no dia 15 de
Nisan, e o outro no dia 16 de Nisan que foi um Shabat normal
celebrado na sexta a noite e no sábado durante o dia. Isso só pode ser
encontrado no Novo Testamento somente se for lido no grego em Mateus 28.1 onde
a palavra traduzida para Shabat é, na verdade, Shabaton e
indo atéMarcos 15.42 encontramos
o texto dizendo claramente que “e portanto era o Dia da Preparação, isto é a
véspera do sábado (Shabat), …”, veja também Mateus 26.62 e João 19.31.
O “Dia da Preparação” refere-se a qualquer dia da semana, em qualquer data,
antes de um Shabat.
A Festa
dos Primeiros Frutos ou das Primícias teve seu cumprimento em Cristo através
de sua ressurreição nesse dia, sendo assim Ele é o primogênito entre os
mortos (Colossenses
1.18) para a vida eterna, Ele foi feito a primícia dos que
dormem (1 Corintios
15.20). As manifestações descritas em Mateus
27.52-53 foram as Primícias de Cristo oferecidas a Deus Pai,
aqueles santos que ressuscitaram foram os primeiros de uma imensa colheita que
está para acontecer. A Festa das Primícias é a terceira e última Festa que
Jesus cumpriu pessoalmente na Terra. Jesus estava presente fisicamente na Páscoa,
nos Pães Asmos e nas Primícias. Ele subiu (ascendeu) ao céu depois de 40 dias,
10 dias antes do Pentecostes. Ele ainda virá fisicamente cumprir mais três
Festas.
Pentecostes
Depois
das Primícias conta-se o Omer (feixe), a contagem dos 50 dias
é chamada de “contando oOmer“, contando os feixes. A nação de Israel
ressuscitou quando saiu das águas do Mar Vermelho e 50 dias depois Deus deu a
eles a Lei, a Torah. Jesus ressuscitou e 50 dias depois Deus nos concedeu o Ruach
Ha’Kodesh (o Espírito Santo). Ambos os casos citados tem o mesmo
propósito (João 16.13 e Gálatas
5.22-23).
A Festa
hebraica é chamada Festa do Shavuot. Shavuot significa
“semanas” e se refere as semanas que estão entre as Festas das Primícias e do
Pentecostes. Nas Primícias, um feixe de “grãos ázimos” era movido perante Deus,
exatamente como Jesus, sem pecados, foi movido (levantado) diante do Pai. No Shavuot,
dois pães levedados (porosos) eram levantados diante de Deus. Já que os dois
pães contem levedura (fermento), o que eles representam? Os dois pães são as
duas partes da Igreja, a judia e a gentia, mas ambas contem pecado. O término
dessa quarta Festa traz o encerramento das Festas das primeiras chuvas, as
chuvas temporãs. Jesus falou sobre o Pentecostes em vários momentos, inclusive
no dia de sua ascenção (Atos 1.4-9).
Podemos
resumir as 4 primeiras Festas da seguinte forma:
Páscoa: Convocação pela morte do
Messias.
Pães
Asmos:
Convocação pelo sepultamento do Messias.
Primeiros
Frutos (Primícias):
Convocação pela ressurreição do Messias.
Pentecostes: Convocação pela nomeação e
delegação de poder ao povo dado pelo Messias.
Vamos
observar agora as 3 Festas seguintes, relacionadas as últimas chuvas, a chuva
serôdia, que estão para se cumprir. Como vimos nas 4 primeiras, Deus zela pelo
cumprimento das Festas de acordo com seus significados e podemos esperar fatos
relevantes também para as Festas de outono.
Trombetas
O dia 1
de Tishrei inicia a Festa das Trombetas ou Yom Teruah (O Dia
do Estrondoso Despertar) ou ainda o Rosh Ha’Shanah (Cabeça do
Ano, o dia do Som do Shofar). Essa é a única Festa que começa com a
Lua Nova. O Shofar tinha suma importância na celebração do Ano
do Jubileu. Como todos os meses do calendário, o primeiro dia de Tishrei começa
com o brilho de uma lua nova. Os vigias no oriente de Israel ficavam observando
até que surgisse o primeiro raio ou sinal da lua nova e esse sinal era
transmitido rapidamente de vigia em vigia até chegar no Templo. O sacerdote
ficava em pé no parapeito a sudeste do Templo e soava o Shofar para
que fosse ouvido em todo vale ao redor. Assim que o sacerdote soava o Shofar,
os tementes a Deus, verdadeiros servos, interrompiam imediatamente a colheita,
mesmo que ficasse ainda mais para ser colhido, deixavam tudo lá mesmo, no
campo. Era época de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo, para
adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas.
Jesus
usou essa ilustração para descrever a sua Segunda Vinda. Paulo associa
claramente o “soar das trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens
(1
Tessalonicenses 4.16-17 e 1 Coríntios
15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com a
vinda do Messias (Isaías 51.9 e 60.1).
Paulo associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o
arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios
5.14-17.
O Rosh
Ha’Shanah é também chamado de Yom Ha’Din, o Dia do Juízo,
uma época em que as cortes celestiais se reúnem e fazem uma análise completa da
vida de cada pessoa. Os 30 dias de Elul, antes do primeiro dia de Tishrei é,
então, tempo de se voltar para Deus e os 10 dias que precedem ao Yom
Kippur (Dia do Temor, Expiação), são chamados de Dias de Temor ou “Os
Dias Terríveis”. Exatamente como o Judeu faz anualmente, vemos que precede o
encerramento do Rosh Ha’Shanah e que inaugura o “Dia do
Senhor” (Sofonias
2.1-3). Uma curiosidade relevante, os rabinos ensinam o seguinte:
- No Rosh Ha’Shanah cada
pessoa é julgada.
- Deus abre três livros e todos aqueles que
tinham se voltado para Ele, seus nomes estavam escritos no Livro dos
Justos.
- Depois disso Deus divide o restante em dois
grupos:
a) O
primeiro grupo é o Rashim (completamente iníquo) e seus nomes
são escritos no Livro dosRashim, um livro que contem os nomes daqueles
que são totalmente ímpios. O destino dos Rashimé selado no Rosh
Ha’Shanah porque eles rejeitaram, por suas próprias escolhas, a
salvação provida por Deus pelo Seu Messias.
b) O
segundo grupo é chamado de Intermediários. Esse é o maior grupo e que nem é
considerado justo ou completamente iníquo. A esse grupo é dado 10 dias a
mais para se arrepender, antes do início do Yom Kippur. Se eles se
arrependerem até o Yom Kippur, então seus nomes são escritos no
Livro dos Justos, mas se não, vão para o Livro dos Completamente Iníquos.
O destino de cada um é determinado no Yom Kippur.
Expiação
A palavra
expiação, kipper, literalmente significa “cobertura do pecado”. A
oferta pelos pecados oferece o perdão de Deus ao ofensor, uma expiação pelo
pecado. O Yom Kippur ocorre no dia 10 de Tishrei e é o dia de
adoração mais solene e mais sagrado no Judaísmo. Ele é chamado de “O Sabbath
dos Sabbaths”. Esse é o dia em que todo Israel chora por seus pecados. Esse é o
único dia do ano em que o sumo-sacerdote entra no santíssimo lugar ou “santo
dos santos”, o lugar mais sagrado.
Deus
revelou Sua intenção de que o Yom Kippur deveria ensinar o perdão de todas as
dívidas; a libertação daqueles que estavam em algum tipo de servidão e o
retorno das possessões. Quando Ele instituiu o Ano do Jubileu, a cada 50 Yom
Kippur teria que ser um jubileu mesmo, ou seja, um júbilo. Era uma prática que
deveria começar 50 anos depois de sua instituição, no entanto essa celebração
ainda não foi realmente celebrada de verdade. Israel ainda aguarda a
celebração completa do seu primeiro Jubileu, que vai acontecer quando o Messias
retornar.
O Yom
Kippur, ou Dia da Expiação, vem da palavra Kaphar que quer
dizer “cobrir”. Jesus é a nossa propiciação ou cobertura, Ele é a nossa
expiação que apaga completamente os nossos pecados.
Tabernáculos
A Festa
dos Tabernáculos ou Sukkot é também chamada de “Festa das
Tendas” ou “Festa das Cabanas” (Sukkahs). A Festa do Senhor e a Festa do
Recolhimento da Colheita. Essa é a terceira das Festas da colheita, uma grande
temporada de júbilo e alegria. Começa 5 dias após o Yom Kippur, no
dia 15 de Tishrei, na lua cheia e dura 7 dias. A Festa comemora a provisão e o
abrigo de Deus durante o êxodo e ilustra Sua habitação no mundo porvir, a Nova
Jerusalém. A Festa dos Tabernáculos continuará a ser celebrada durante o reino
milenial de Cristo (Zacarias 14.16-19).
O sétimo
dia da Festa dos Tabernáculos foi chamado de Hosha’Na Rabba, que
significa o Dia da Grande Hosana. Assim como todos os dias os sacerdotes
derramavam água no Templo durante a Festa dos Tabernáculos, Jesus também se
colocou no monte do Templo e declarou ser a verdadeira Água da Vida, a Vida no
Espírito, estava sendo derramada de dentro Dele mesmo. Durante a Festa dos
Tabernáculos, o Monte do Templo ficava impressionantemente iluminado com muitas
tochas e lanternas. No Templo completamente iluminado Jesus declarou ser Ele
mesmo a verdadeira Luz. Essas tradicionais alusões à água e à luz, como aqui
mencionados, lembram parte do descritivo da Nova Jerusalém que desce do céu,
conforme está escrito no livro de Apocalipse
21.9-27.
Jesus em
pessoa é o nosso Sukkot, nosso verdadeiro tabernáculo que habitará
perpetuamente entre os homens.